PONTA DELGADA, COMO PRAGA


Ponta Delgada, como Praga.
Como norte da Europa
Como trólei de névoa
Tanto os Açores como Kafka
Sol negro da rua pavimentada,
Pelos corredores, escadarias abertas
O palacete atapetado
Podia ter sido a Primavera
Entrando em Oviedo
Aventurar-me nessa Prússia — tirar umas fotos
Mas não lhe conseguia fazer justiça.
Não era Ponta Delgada, como Praga
Não se viam neblinas, nem Dinamarca
E sem os néones das lâmpadas era carvão na noite
O telemóvel apontava 37% de bateria
E ela ia voltar através do passado.
O meu único receio era o estado em que chegaria ao quarto
Se já nos tínhamos mesmo separado.
Ponta Delgada, como Praga.
Ponta como praga delgada
Animada feira centro-europeia
Neste Danúbio Atlântico
Barcos de recreio em meio do oceano
Em Ponta Delgada, como Praga.