Olho de Goya


Os tempos davam tempestade
Forte em certas alturas
Da estrada.
Vinhas do País Basco.
Reflectindo todo o sul
Da semana passada
Depois, enquanto escolhias dois robalos,
Falavas da infância, as férias
Chegado a casa, onde pudeste assentar.
Tomaste consciência da importância de envelhecer
aquelas horas
Até teres mesmo de criar um emprego
Para poderes ajudar este poema.
Pensas na cerveja de Bilbau.
Vem-te à ideia Orson Welles e os pombos-correio de
Euskadi.
De Espanha a França e vice-versa.
Mas sobretudo esse auto-retrato de Goya
Não se desviou de ti um milímetro.
Nunca parou de seguir-te até ao fim da sala
Não, não tirou o olho de ti
Trazia dito topei-te
A partir de agora não tens escape.
